Juntamente com as suas irmãzinhas formavam o Mar.
Um dia, a menina Gotinha de Água estava a dormir, a sonhar,…
Então o Sol beijou-a e logo ela subiu no ar.
No céu, olhou à sua volta e viu milhões de gotinhas como ela boiarem
no ar.
Vieram os ventos e começaram a empurrar aquelas nuvens e a
gotinha viajou por muitas terras.
Depois o vento parou. As nuvens escureceram como breu. A gotinha olhava para
baixo e via a terra seca e pensou:
E se fosse dar de beber às flores, aos campos,…
E deixou-se cair, à frente de milhões de gotinhas em forma de chuva.
Então a menina Gotinha de Água, com as suas irmãzinhas, desceu aos caminhos
escondidos na terra, passou entre as raízes das plantas, desceu, desceu sempre
até que encontrou um palácio maravilhoso que havia no seio da terra.
Quando acordou, sentiu saudades do Mar e disse:
- São horas, irmãzinhas.
E pôs-se a saltar, de pedra em pedra, a correr, a saltar, a cantar toda contente.
Atrás dela vinham suas irmãzinhas, e todas vinham muito contentes e felizes.
Até que um dia chegaram ao estuário de um grande rio.
Eram agora milhões e milhões de gotinhas de água, a correr, a brincar, a cantar
a caminho do Mar.
A menina Gotinha de Água pôs-se a correr mais ligeira, juntamente com as suas
irmãzinhas e disse:
- Vamos, toca a andar, que estamos a chegar à nossa casa no Mar.
O céu estava cheio de gaivotas que brincavam com o fumo dos navios e
alegremente cumprimentavam a gotinha.
Então, a linda menina Gotinha de Água viu que chegara finalmente ao Mar e
desatou a cantar:
Eu sou a Menina Gotinha de Água,
Gotinha azul do mar,
Que fui nuvem no ar,
Chuva abençoada,
Fonte a cantar,
Ribeiro a saltar,
Rio a correr, e que volta à sua casa
Casa no mar
Onde vai descansar
Dormir e sonhar
Antes que de novo
Torne a ser
Nuvem no ar,
Chuva abençoada,
Fonte a cantar,
Ribeiro a saltar,
Rio a correr
E mar
Uma vez mais.
Papiniano Carlos